quinta-feira, 31 de março de 2016

Forças ocultas agem e Procon aborta fiscalização nas garagens de ônibus...


A ação do Procon visava evitar situações como esta.
Matéria publicada originalmente no site do Marco Deça. Uma ação organizada pela Superintendência de Proteção ao Consumidor (Procon), nesta quinta-feira, 31, deveria ter forte repercussão no setor de transportes de São Luís.
Deveria, por que foi abortada pelo órgão.
http://imirante.com/sao-luis/noticias/2016/03/31/porta-de-onibus-cai-e-poe-a-seguranca-dos-passageiros-em-risco.shtml
O objetivo era fiscalizar as garagens das empresas que atuam no serviço de transporte coletivo e apreender ônibus irregulares, para forçar a renovação da frota, sobretudo como resposta ao aumento das passagens.
http://imirante.com/sao-luis/noticias/2016/03/31/porta-de-onibus-cai-e-poe-a-seguranca-dos-passageiros-em-risco.shtml
Na tarde de quarta-feira, 30, porém, assessores do Procon informaram aos jornalistas que a ação havia sido cancelada, sem qualquer justificativa.
Será por que?!?

São Luís. Governo prende estudantes durante protestos contra aumento das passagens.

Foto - Estudantes presos.
Cinco estudantes, entre secundaristas e universitários, foram presos no início da noite de hoje (30) durante um protesto contra o reajuste das passagens de ônibus da capital.
A condução foi feita por homens da Polícia Militar sob a alegação de que os manifestantes promovia algazarra dentro do Terminal de Integração da Praia Grande.
Na imagem acima aparecem apenas três dos detidos porque os outros dois são menores de idade.
Ao blog do Diego Emir, "Henrique Carneiro, que é dirigente DCE da UFMA, e faz parte do movimento contra o aumento da passagem de ônibus em São Luís" (SIC), disse que foi preso de forma arbitrária e sem justificativa. E afirmou lamentar receber esse tipo de tratamento por parte da polícia de um governo que se diz democrático e socialista.

“O que praticaram foi um sequestro de estado. Prenderam dois menores sem necessidade e outros dois membros do movimento pelo simples fato que não aceitamos o aumento de 30 centavos na passagem de ônibus”, argumentou o dirigente do DCE, Henrique Carneiro, que também é vice-presidente da União Estadual dos Estudantes do Maranhão.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Supremo Tribunal Federal decide que Estado é responsável pela morte de presos.

André Richter - Repórter da Agência Brasil.

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu hoje (30) que o Estado pode ser responsabilizado pela morte de detentos por não oferecer tratamento digno nas penitenciárias. De acordo com a tese firmada, caberá aos governos federal ou estadual provar que não foram responsáveis pelas mortes.

A decisão foi tomada em um recurso do estado do Rio Grande do Sul, que contestava uma decisão da Justiça local determinando o pagamento de indenização para a família de um preso que cometeu suicídio.

Por unanimidade, a Corte seguiu o voto do ministro Luiz Fux, favorável à proteção dos presos. Acompanharam o relator os ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki, Rosa Weber, Cármen Lúcia, Marco Aurélio Mello e o presidente, Ricardo Lewandowski.


De acordo com Fux, o Estado tem o dever de garantir a integridade física dos detentos sob sua custódia. “O Estado Democrático de Direito, onde todos são iguais perante a lei, não pode admitir que alguns indivíduos sejam privados dos seus direitos fundamentais, mesmo que tenham eles atentado contra os bens jurídicos mais relevantes para a sociedade, que o direito penal busca tutelar”, argumentou Fux.

Edição: Armando Cardoso.

São Luís - Polo do Coroadinho. Quatro mortes violentas em trés dias, aumento da violência deixa população apavorada a pedir Socorro pelo Facebook.

Foto - Bruno Rodrigues
De Sábado de Aleluia até esta terça-feira, 29, quatro mortes por violência foram registradas na região; Bruno Rodrigues, de 30 anos, foi cruelmente assassinado, ontem.


A população do Coroadinho voltou a se ver refém da violência nas últimas horas. Desde o último sábado, dia 25, até a manhã desta terça-feira, 29, quatro pessoas morreram vítimas de violência na região; três por homicídio.

O comerciante Bruno Rodrigues Martins, de 30 anos, morador da Vila dos Frades, foi executado a tiros, no Alto São Sebastião, por volta das 13 horas desta terça-feira (29). A vítima estava em seu estabelecimento, uma venda de galeto assado, quando foi surpreendido, sendo atingido várias vezes.

Ele ainda foi socorrido e levado para a Unidade Mista do Bairro, mas não resistiu aos ferimentos. A Polícia esteve no local fazendo os primeiros levantamentos, mas ninguém foi preso.

No último domingo (27), um crime bárbaro teve como vítima o rapaz identificado como Edson Luan Souza Nascimento, de 20 anos, morador do Coroadinho, morto dentro de casa, na Vila Conceição. A Polícia investiga se há relação entre os casos.

((( outros casos ))) - Na madrugada desta terça-feira, 29, outro homicídio foi registrado na área do Polo Coroadinho. Um homem identificado apenas pelo apelido "Kekê" foi vítima de arma branca, provavelmente golpes de faca, na área do Bom Jesus.

Já, no sábado, dia 25, um jovem identificado como Antônio Galvão morreu vítima de choque elétrico, na Vila Conceição. Ele era morador da Vila São Sebastião, no Coroadinho.

Link: Coroadinho on line.

Fraude em contratação de merenda escolar em São Paulo chega a R$ 7 milhões.


Fernanda Cruz – Repórter da Agência Brasil


As sete pessoas presas na 2ª Fase da Operação Alba Branca, que investiga irregularidades nas compras da merenda escolar da rede estadual de São Paulo, estão sendo ouvidas pela força-tarefa da Polícia Civil e Ministério Público. 

Os mandados de prisão foram cumpridos ontem (29). Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Ribeirão Preto, as fraudes nas contratações, feitas entre 2013 e 2015, somam R$ 7 milhões, sendo R$ 700 mil destinados ao pagamento de propina e comissões ilícitas.

De acordo com o Gaeco, os crimes envolvem 20 municípios: Americana, Araras, Assis, Bauru, Caieiras, Campinas, Colômbia, Cotia, Mairinque, Mairiporã, Mogi das Cruzes, Novaes, Paraíso, Paulínia, Pitangueiras, Ribeirão Pires, São Bernardo do Campo, Santa Rosa de Viterbo, Santos e Valinhos. Os acusados serão ouvidos em um prazo de cinco dias.

Entre os detidos, que podem ter a prisão preventiva decretada após esse período, estão o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, na década de 70, Leonel Júlio e Sebastião Misiara, atual presidente da União dos Vereadores de São Paulo. O filho de Leonel, Marcel Ferreira Júlio, é considerado foragido.

Foram presos também Aluizio Girardi Cardoso, suposto lobista com atuação em órgãos públicos; Carlos Eduardo da Silva, sócio-diretor da cooperativa agrícola e funcionário público da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, e Joaquim Geraldo Pereira da Silva, suposto lobista que intermediava contatos da cooperativa com agentes públicos.

Outros dois presos, Emerson Girardi e Luiz Carlos da Silva Santos, são vendedores da Cooperativa Agrícola e Familiar (Coaf), em Bebedouro, que mantinha contratos para fornecimento de alimentos com diversas prefeituras. A empresa é acusada de fraudar a modalidade de compra “chamada pública”, que pressupõe a aquisição de produtos de pequenos produtores agrícolas. A Coaf cadastrou cerca de mil pequenos produtores, mas comprava de apenas 30 ou 40 deles, e adquiria também de grandes produtores e na central de abastecimento do estado.

O presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez, do PSDB, e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil, na gestão de Geraldo Alckmin, Luiz Roberto dos Santos, conhecido como Moita, estão entre os investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual de São Paulo. Em fevereiro, o desembargador Sérgio Rui da Fonseca, do Tribunal de Justiça de São Paulo, decretou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Capez.

Os mandados judiciais foram expedidos pela 3ª Vara Judicial de Bebedouro e incluíram busca e apreensão nas casas e empresas dos envolvidos. Os presos podem responder pelos crimes de organização criminosa, fraudes em procedimentos públicos, falsidade ideológica e de documentos, corrupção ativa e passiva e prevaricação, crime praticado por funcionário público contra a administração pública.

Edição: Maria Claudia

Brasileiros aderem a documento que guia tratamentos no final da vida.

fevereiro 15, 2016 em Notícias por Mary Peixoto
O testamento vital tem atraído mais atenção daqueles preocupados com autonomia no final da vida. O documento tem o objetivo de registrar vontades relativas a tratamentos médicos em caso de doenças fora de perspectivas de cura.
Ele não é apenas destinado a garantir a suspensão de procedimentos, como a não reanimação ou não ser submetido a certas cirurgias. Também pode ser usado justamente para garantir essas intervenções, contanto que seja a vontade expressa do paciente.
Faz parte das Diretivas Antecipadas de Vontade, assim como o mandato duradouro – a nomeação pelo paciente de um procurador para tomar decisões em seu nome, e pode ser feito por qualquer pessoa acima de 18 anos que não tenha sido interditada, apesar de só ter efeitos na eventualidade de uma doença terminal.
O portal testamentovital.com.br oferece um banco de dados para cadastro desse tipo de documento. Ele é on-line, gratuito e gera um código de acesso que pode ser compartilhado com uma pessoa de confiança do solicitante.
Criado em 2013, teve seus registros triplicados em um ano, de 20 para 60. Sua administradora, a advogada e doutora em ciências da saúde, Luciana Dadalto, estuda o tema desde 2008, com quatro livros publicados. Ela comenta que, no Brasil, estamos muito atrasados no que diz respeito a liberdades individuais. “A principal importância do testamento vital é transferir para o paciente um direito que é dele, que é a decisão sobre como viver seus últimos dias de vida”, diz.
Segundo dados do Colégio Notarial do Brasil, até novembro desse ano, o cadastro de testamentos vitais em cartório no país cresceu 21% em relação ao ano passado. Em 2010, apenas 50 documentos foram registrados. Em 2015, esse número passou de 600 no ano. Um fator determinante para esse aumento foi a regulamentação 1.995 do Conselho Federal de Medicina, de 2012, que constata a obrigação dos médicos em aceitar o documento como legítimo.
Para Dadalto, ela é insuficiente, por se referir apenas às responsabilidades dos médicos, excluindo qualquer outro profissional de saúde, e não garantir uma validade legal ao documento. “Sempre vai cair no arbítrio do poder judiciário, por não haver uma legislação específica. Um juiz poderá falar que é válido e outro que não é”, diz.
Algumas dificuldades para sua popularização seria a dificuldade de se falar a respeito. Para a advogada de família Renata Guimarães, alguns brasileiros demonstram um entrave cultural para lidar com questões terminais que podem anteceder o falecimento, ao sentir que pensar sobre a morte representa um mau agouro. Ela também cita a real dificuldade de cogitar e lidar objetivamente com doenças agudas e irreversíveis. Algo menos latente em seus clientes estrangeiros, inclusive porque há países que possuem lei específica sobre o testamento vital.
A advogada diz perceber um aumento significativo nos últimos três anos de documentos nesse sentido – escrituras públicas ou escritos particulares.
“Tais documentos têm por foco a situação de incapacidade civil de uma pessoa, e costumam abordar a gestão do patrimônio, cuidados pessoais e de saúde e diretrizes de não manutenção artificial de vida em casos terminais e irreversíveis. Já a forma de enterro, velório ou cremação costumam ser descritas em outro documento, denominado codicilo”, define Guimarães.
Dadalto considera a inserção de doação de órgãos no testamento vital uma questão polêmica, porque a lei de doação no Brasil o reconhece como uma decisão da família e não do paciente.
Alerta no RG
Neuza Guerreiro de Carvalho anda com seu testamento vital na bolsa. No RG há um recado: “na pasta cor-de-rosa da bolsa está meu testamento vital”. Aos 85 anos, ela prefere definir o que seja feito com seu corpo, caso esteja inconsciente. Quer seguir de acordo com suas próprias escolhas, tanto na vida quanto na morte. Professora de biologia por 30 anos, ateia, evolucionista, diz que já está na reta de chegada. “Bonita ou não, é a reta de chegada. Não tenho mais do que 10 anos de vida útil”, diz.
Decidiu pela doação do corpo para estudos acadêmicos e já tem os papéis preenchidos no Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Doou o cérebro de sua mãe para a faculdade de medicina da USP e diz ver nessas ações uma forma de cidadania. Não quer em ser enterrada, nem velada. “Tudo o que fica está assimilado na gente”, comenta.
Vovó Neuza, como gosta de ser chamada, tem seu testamento vital assinado pelos dois filhos, com firma reconhecida. Além de sempre o carregar na bolsa, o documento foi incluído em seu prontuário no Hospital das Clínicas, porque ela considera que será atendida lá em alguma emergência.
Não abre mão de sua decisão. “Eu sou muito fria nisso e minha própria formação ajuda nesse sentido. Eu sei, por exemplo, que num acidente qualquer, numa emergência, vão perguntar para quem estiver comigo: entuba ou não entuba? Eu estou dizendo nesse documento: não entuba. Porque depois de dois anos, seja lá quantos anos for, ninguém vai ter coragem de desentubar (o termo médico utilizado é extubar) e aí fica aquela confusão”.
Vovó Neuza trabalha com oficinas de resgate de memória no projeto “Amigo do Idoso” do Hospital Universitário (HU-USP). A ação foca em objetos que marcaram a vida da pessoa. Para ela, o sofá de sua casa, todo florido, é um objeto de memória precioso, com seus mais de 60 anos de história ao lado (ou embaixo) de Neusa . “É um objeto biográfico meu. Eu posso ir morar em outro lugar, mas se não couber o sofá, não tem conversa. Esse vai me acompanhar para o resto da vida”.
A professora se aposentou aos 50 anos, porque quis sair do trabalho ainda quando estava no auge. Ela diz querer o mesmo da vida: “Eu quero sair bem da vida”.
Atualização em 23 de dezembro
O Colégio Notarial do Brasil enviou o complemento abaixo sobre o assunto abordado na matéria, salientando diferenças entre o registro do documento em cartório do registro em um banco de dados virtual.
“Entendemos importante ressaltar que qualquer documento pode ser contestado na Justiça, tanto a escritura pública quanto o instrumento particular.
É relevante salientar também que os juízes vêm acatando frequentemente a vontade expressa nas escrituras públicas. Além disso, gostaríamos de expor outros pontos do porquê as escrituras possuem mais segurança jurídica comparadas ao banco de dados privados citado na reportagem e ao instrumento particular.
  • A perpetuidade alcançada pela forma pública, na medida em que fica para sempre no livro de notas.
  • A comunicação à central notarial, que pode facilitar o encontro de eventual testamento vital lavrado.
  • A força da central notarial como forma de gerar estatísticas públicas.
  • A capilaridade dos cartórios, podendo atender o cidadão em qualquer cidade do país.
  • A segurança do médico em saber numa questão duvidosa qual caminho pode ser adotado.
É importante ressaltar ainda a fé pública do tabelião, que além de segurança jurídica, tem como parte inerente ao seu trabalho a imparcialidade, por exemplo, podendo relatar as condições de saúde do solicitante ao testamento vital. Note que uma pessoa pode se cadastrar nesse banco virtual sem o gozo de suas capacidades mentais adequadas. No cartório isso não aconteceria”.

terça-feira, 29 de março de 2016

Fraude da Merenda. Polícia prende ex-presidente da Assembleia de São Paulo e mais 6 acusados


São Paulo - A Operação Alba Branca prendeu na manhã desta terça-feira o ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo Leonel Julio e mais seis investigados por fraude na merenda escolar. 

Também foi decretada a prisão do presidente da União dos Vereadores do Estado, Sebastião Miziara. A decisão é da Justiça de Bebedouro, no interior paulista, onde ficava a base da organização.



Alba Branca aponta para o suposto envolvimento do atual presidente da Assembleia de São Paulo, deputado Fernando Capez (PSDB) e de outros parlamentares. A investigação sobre Capez está em curso no Tribunal de Justiça do Estado.




Leonel Julio, do antigo MDB, presidiu a Assembleia de São Paulo e foi cassado em 1976 pelo regime militar. Alba Branca afirma que seu filho, Marcel Julio, é um dos mentores da organização. Marcel está foragido.



Os mandados de prisão contra Leonel Julio e outros seis alvos da Alba Branca foram expedidos pela Comarca de Bebedouro, porque eles não têm foro privilegiado, como Capez. 


Além de Leonel Julio e Sebastião Miziara, a Justiça mandou prender também Carlos Eduardo da Silva, Aluísio Girardia, Emerson Girardi, Luiz Carlos da Silva Santos e Joaquim Geraldo Pereira da Silva.


A Justiça também decretou buscas e apreensões que estão sendo cumpridas pela Polícia Civil do Estado.

A Operação Alba Branca envolve ainda Luiz Roberto dos Santos, o Moita, ex-chefe de gabinete da Casa Civil do Governo Geraldo Alckmin.

Lei N° 10.404/2015, Cotas para negros no serviço público entra em vigor no Maranhão.



Segundo o site Atual 7, a nova regra vale para a administração estadual. Reserva é de 20%. 

A partir desta terça-feira, 29 de março, passa a vigorar a Lei estadual n.º 10.404/2015, que destina 20% de vagas nos concursos públicos estaduais para negros. A lei foi sancionada em 29 de dezembro do ano passado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) após passar por amplo debate com a sociedade maranhense em audiências públicas, promovidas pela Secretaria de Estado da Igualdade Racial (SEIR).

Nos polos regionais de Bacabal, Imperatriz, Codó, Viana, Santa Inês e São Luís, a SEIR apresentou o projeto a um público formado por professores, políticos, movimentos sociais, quilombolas e representantes da religião de matriz africana, que apresentaram novas alterações ao projeto inicial.

Após ser aprovado pela Assembleia Legislativa no fim de dezembro, o projeto de lei foi encaminhado ao Executivo, que o sancionou na presença de políticos e representantes do movimento negro do Maranhão.

A lei constitui um avanço na política de igualdade racial no Estado, visto ser uma iniciativa que pretende oportunizar aos negros inserção na administração pública por meio da reserva de cotas raciais. Pelo menos quatro Estados brasileiros já dispõem de leis de cotas para negros.

O titular da SEIR, Gerson Pinheiro, explica as mudanças provocadas pela lei: “A lei de cotas é uma política afirmativa e promoverá uma mudança estrutural na sociedade. Sentiremos seus efeitos nos próximos anos, na medida em que os negros forem ingressando no serviço público, levando sua cultura e conhecimentos para contribuir com a prestação de serviços do Estado, diminuindo o distanciamento existente entre a máquina estatal e a ampla maioria de população formada por negros”.

Para o secretário, foi acertada a iniciativa de fazer o debate com a sociedade, colhendo suas contribuições. “Levamos ao debate público o projeto e obtivemos o apoio do povo. Com a lei, o Governo do Estado garante aos negros direitos historicamente negados”.

domingo, 27 de março de 2016

Mudança de regime no Brasil? Os protestos financiados por fundações norte-americanas.

Catherine Osborn, Global Research , 19 de março de 2016P1014146Em cada crise política no Brasil, hoje é o ex-presidente Lula que lutam para conseguir um lugar no governo da presidente Dilma Rousseff, é um grupo familiar de jogadores que não são nem investigadores políticas ou anti-corrupção. 

Eles são jovens manifestantes de direita, e pode ser uma força subversiva no caso de o Congresso do Brasil votar para colocar a atual presidente a julgamento. O estudante de engenharia Pedro Souto dirigiu o caminhão com alto-falantes, vestindo uma bandeira brasileira como uma capa Superman, durante os protestos do Rio. Mais de 200.000 pessoas disseram que ele era o organizador. 

O caminhão tinha uma bandeira Movimento Brasil Livre, um dos principais grupos que organizou os protestos de 13 de março e que continua a invocar o acirramento do quado, a cada novidade no drama político do Brasil (que agora têm a cada dia). 

O Movimento Brasil Livre foi fundado por estudantes e membros de outros grupos que estão se espalhando rapidamente no país: "Estudantes Pela Liberdade", e liberdade no sentido libertário: redução dos gastos públicos, privatização de empresas estatais, e menos regulação. 

Tais políticas estão longe de ser adotado no Brasil hoje. Como muitos países da América Latina, o Brasil é um estado de bem-estar com cuidados de saúde universal e muitas empresas de propriedade do governo. Mas nas últimas décadas, o think tank pró-mercado e anti-regulação estão avançando na região. 

O economista Bernardo Santoro faz parte desse movimento no Brasil. Recorda ter participado de um evento no Estado do Rio de Janeiro em 2012, organizado em parte pela Rede Atlas. Os participantes falaram do futuro do libertarianismo no Brasil, debater "ideias sobre a forma como o movimento no Brasil iria crescer, e Estudantes Pela Liberdade Brasil foi uma dessas idéias". 

Rede Atlas e os Estudantes pela Liberdade são baseados nos EUA e tem recebido dezenas de milhares de dólares em financiamento ao longo dos últimos cinco anos, de fundações norte-americanas, como a Fundação John Templeton e Charles Koch Foundation , grupo bilionário conhecido para apoiar as causas da extrema-direita.

Detalhes sobre John Templeton Foundation :
Screen-Shot-2016/03/19 at-08.40.11-1024x864O ramo no Brasil estudantes para a Liberdade foi financiado por doadores dos EUA, mas hoje o grupo é financiado em grande parte no Brasil, de acordo com o diretor Juliano Torres. E é grande, com mais de mil membros.

Agora, cerca de metade dos membros dos Estudantes pela Liberdade no Mundo, que recebem materiais sobre como planejar eventos, arrecadar fundos e falar em público, é brasileiro. Um punhado tem viajado para os Estados Unidos para treinamento, e muitos discutem a política econômica tendo como referências o Instituto Catho e o senador Rand Paul.

Torres disse que o movimento libertário tem crescido tanto no Brasil porque " nós tiramos proveito da impopularidade do presidente e do Partido dos Trabalhadores ". 

Em 2014, a economia brasileira desacelerou e começou a encolher dramaticamente e jornais acusou o Partido dos Trabalhadores de envolvimento em corrupção da Petrobras . "Estudantes pela Liberdade não é uma organização política ", diz Torres, " mas incentiva nossos membros politicamente ativos ." Em 2014, os membros da Students for Freedom fundada Brasil Livre Circulação e ajudou a fundar o movimento Vem Pra Rua para protestar contra Rousseff. 

Dilma Rousseff não é afetada por investigações anti-corrupção da Petrobras, mas de março 2015 o Brasil Livre Circulação procura impor uma pressão para impitimar Dilma a colocar um presidente pró-liberal. Em dezembro, o presidente da Câmara Eduardo Cunha, do PMDB, ele estava avançando o impeachment para o uso ilegal de dinheiro no orçamento de 2014. 

Estudantes Pela Liberdade orgulhosamente apresentam os protestos anti-governamentais no Brasil em número de sua revista para o final de 2015". De que está acontecendo no Brasil agora queremos saber e queremos entender como adotar as melhores práticas em outros lugares ", diz o coordenador de Estudantes pela Liberdade Sam Teixeira. 

Teixeira disse que em situações políticas em que o governo é impopular, é mais fácil para apoiar a abertura dos mercados como uma solução.Finalmente, "Teixeira disse," nós queremos ver as pessoas se tornam bem, feliz e próspero. Para viver a vida que eles querem e de forma autônoma. Estas são coisas que não existem no Brasil e em muitas partes do mundo.

Esperamos e acreditamos que a filosofia libertária pode trazer prosperidade e felicidade para o mundo ". O cientista político Celso Barros, colunista do jornal Folha de São Paulo, diz que " a maioria dos brasileiros nunca votaria políticas libertárias. Tudo que você tem a fazer é caminhar para a favela mais próxima para encontrar alguém que lhe diz que estamos muito longe da meritocracia no Brasil ". Barros diz que algumas reformas econômicas são necessários para facilitar os negócios no Brasil. 

Mas ele acrescenta que a crescente probabilidade de que a presidente Dilma Rousseff não termina o mandato, com o impeachment ou julgamento sobre as finanças de sua campanha de 2014, significa que a curto prazo os brasileiros provavelmente vão sofrer as mais duras políticas econômicas de aceitar um processo normal eleição. O PMDB assumiria a presidência do Brasil no caso de impeachment, um partido que, de acordo com Barros, " é bem conhecido por ineficiência e por ser corrupto ." 

O PMDB tem silenciosamente lançado sua plataforma econômica mais à direita de sua história. Sobre mudanças concretas, provavelmente, vai ", o direito teria menos regulamentação do trabalho ", diz Barros. " Os sindicatos ficarão menos poderosos ." Bernardo Santoro disse que, independentemente de quem vai assumir a Presidência seguinte, o Movimento Brasil Livre continuará a apoiar a redução do peso do governo. 

Barros, o que é mais preocupante como um precedente para a futura estabilidade do Brasil, é de que Dilma é acusada pelo o que ele descreve como "acusações fracas". E ele vê um eco de líderes políticos dos EUA de o grupo de jovens que orienta o pedido de impeachment: " Esses caras claramente inspirado no Tea Party e a recente radicalização do Partido Republicano ." Barros diz que o futuro do Brasil é desconhecido.
84092c15-a1bb-43e6-ab0b-3f722e60fd2fTradução por Alessandro Lattanzi.

Link: http://conscienciah.blogspot.com.br/2016/03/mudanca-de-regime-no-brasil-os.html

Síria: Como as narrativas matam!

© Majed Jaber
23/3/2016, Sharmine Narwani, RT.  Traduzido por Vila Vudu
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Hoje se sabe que a luta do povo sírio e do governo sírio mudou o mundo. Reuniu russos e chineses (BRICS) e jogou-os na frigideira ‘ocidental’. E mudou a ordem global, de unipolar para multilateral – da noite para o dia.

Se, no primeiro ano de guerra na Síria, a quantidade descomunal de jornalistas que repetiram e reforçaram as premissas das quatro falsas narrativas que adiante se discutem as tivessem contestado, criticado, investigado… talvez os mais de 250 mil sírios que morreram ainda estivessem entre nós.
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(…) Segundo a Comissão Internacional Independente da ONU de Investigação sobre a Síria, a soma de mortos do lado das Forças do governo sírio era 2.569, em março de 2012, quando o conflito completava um ano. Naquele momento, a conta da Comissão da ONU, para todas as vítimas da violência política na Síria, era 5.000 mortos.


Esses números pintavam já há quatro anos, um quadro completamente do que se conhece ainda hoje sobre os eventos na Síria. Com certeza, esses números não confirmam as características do conflito sobre o qual elaboram os jornais, televisões e jornalistas e especialistas midiáticos e manchetes. No mínimo, a ‘paridade’ no número de mortos entre os dois lados sugere que o governo sírio usou força proporcional na ação inicial para pôr fim à violência. (…)

Para os políticos norte-americanos, a “Primavera Árabe” foi oportunidade imperdível para desestabilizar governos de estados adversários no Oriente Médio. Síria, o mais importante membro árabe do Eixo da Resistência liderado pelo Irã, tornou-se o alvo número 1.

Para promover ‘mudança-de-regime’ na Síria, os temas da “Primavera Árabe” teriam de ser oportunisticamente calibrados. Para tanto, muitos sírios teriam de morrer.

No caso da Síria, foi considerado indispensável que “o ditador” se pusesse a “matar o próprio povo”. Isso feito, o resto viria na sequência.

Palavras que matam (Palavras que roubam / Palavras que corrompem).

Na Síria, quatro narrativas chaves foram postas em circulação e re-narradas incansavelmente, ad nauseam, em todos os principais veículos da mídia-empresa ocidental, a partir de março de 2011, ganhando cada vez mais gás nos meses seguintes.

– O “ditador” está matando “o próprio povo”;

– Os protestos são “pacíficos”;

– A oposição é “desarmada”; e

– É “revolução popular”.


Governos pró-ocidente na Tunísia e no Egito acabavam de ser derrubados em rápida sucessão nos dois meses anteriores, – e o ‘quadro mental’ do que já se tornava conhecido como “Primavera Árabe”, de movimentos de base que levariam a ‘mudança-de-regime’, já existia na psique regional.

Aquelas quatro ‘narrativas’ que se haviam carregado de sentido na Tunísia e no Egito, foram então reformatadas e carregadas para deslegitimar e minar qualquer governo contra o qual elas fossem ‘miradas’.

Mas para usar essas narrativas na Síria com o pleno potencial delas, (1) os sírios teriam de tomar as ruas em números significativos [no Brasil também já tivemos essa fase; e a deliberação de ‘encher as ruas’ apareceu muito clara; de fato, nem alguém tentou disfarçar a intensa campanha de convocação às ruas que foi comandada pela mídia-empresa (NTs)]; e (2) civis teriam de morrer nas mãos de brutais forças de segurança.

Isso feito, o que viesse depois, se interessasse aos ‘organizadores’, poderia ser facilmente convertido em “revolução” pelo vastíssimo conjunto de veículos de mídia-empresa estrangeira e regional que passaria a trabalhar para implantar nas discussões, em todo o ocidente, esse discurso da “Primavera Árabe”.

Mas, na Síria, os protestos não funcionaram como haviam funcionado na Tunísia e no Egito. Naqueles primeiros poucos meses, viram-se manifestantes que se contavam às centenas – algumas vezes em milhares –, e manifestavam diferentes graus de descontentamento político. Muitos daqueles manifestantes/manifestações seguiam um padrão de incitamento que brotava das mesquitas sob influência wahhabista, nos sermões das sextas-feiras, ou depois de matanças locais que induziam multidões indignadas a reunir-se em funerais públicos.

Membro de uma proeminente família de Daraa explicou-me que naquele momento havia confusão sobre quem estava matando pessoas nas manifestações naquela cidade – se “o governo” ou “facções clandestinas”.

Explicou-me que, então, havia dois tipos de opinião entre os cidadãos de Daraa: “Uma, de que o governo matava mais gente para conter o movimento e forçar as pessoas a suspender os protestos e pôr fim às manifestações. A outra, de que havia facções clandestinas interessadas em continuar, porque, se não houvesse os funerais, não haveria como mobilizar multidões nas ruas.”

Com o benefício do distanciamento, examinemos essas narrativas, agora que a guerra já dura cinco anos.

Sabemos hoje que vários milhares de soldados das forças de segurança sírias foram mortos no primeiro ano, a partir de 23/11/2011. Daí portanto se sabe que a oposição esteve “armada” desde o início do conflito.

Há provas materiais (imagens) de que pistoleiros entraram na Síria, pela fronteira com o Líbano, em abril e maio de 2011. Sabe-se, de testemunhas confiáveis, que havia pistoleiros atirando contra civis em atos terroristas, e que os “protestos” não foram absolutamente “pacíficos”.

A missão de observação da Liga Árabe que trabalhou durante um mês dentro da Síria no final de 2011, relatou: “Em Homs, Idlib e Hama, a missão de observação testemunhou atos de violência cometidos contra forças e civis que resultaram em vários mortos e feridos. Exemplos desses atos incluem bombardeamento de um ônibus civil; assassinato de oito pessoas e ferimentos em muitas, inclusive mulheres e crianças, e bombardeamento de um trem carregado de óleo diesel. Em outro incidente em Homs, foi explodido um ônibus da polícia, matando dois policiais. Um duto de combustível e algumas pontes pequenas também foram bombardeados.”

O padre Frans van der Lugt, holandês há muito tempo residente na Síria, e que foi morto em Homs em abril de 2014, escreveu em janeiro de 2012: “Nunca, desde o início, os movimentos foram absolutamente pacíficos. Desde o primeiro dia vi manifestantes armados misturados à multidão; quando atiravam, miravam primeiro contra a polícia. Muito frequentemente, a violência das forças de segurança foi reação à brutal violência daqueles manifestantes armados.”

Poucos meses antes, em setembro de 2011, o mesmo padre Franz observara: “Desde o início houve o problema dos grupos armados, que também são parte da oposição (…). A oposição que está na rua é muito mais forte que qualquer outra oposição. E a oposição que está na rua está armada e frequentemente se vale de brutalidade e violência; na sequência, atribuem a culpa ao governo.”

Hoje se sabe também que, fosse a Síria o que fosse, lá jamais aconteceu qualquer “revolução popular”. O Exército Árabe Sírio permaneceu coeso, mesmo depois do noticiário massivo nos veículos da mídia comercial, de que teria havido deserção em massa. Centenas de milhares de sírios continuaram a fazer manifestações não noticiadas em apoio ao presidente Bashar al-Assad. As instituições do Estado e do governo e a elite empresarial permaneceram, na ampla maioria, leais a Assad. Grupos minoritários – alauítas, cristãos, curdos, drusos, xiitas e o Partido Baath, que reúne maioria de sunitas – não se uniram à oposição contra o presidente Assad. E as principais áreas urbanas onde se concentra grande parte da população síria mantiveram-se sob a proteção do Estado, com raras exceções.


Afinal de contas, “revolução democrática” genuína na Síria, nunca teria “escritórios” operacionais na Jordânia e na Turquia. Nem alguma “revolução” de algum “povo oprimido” na Síria poderia algum dia ser financiada, armada e assessorada por Qatar, Arábia Saudita, EUA, Grã-Bretanha e França.

Semear “narrativas jornalísticas” para obter vantagem geopolítica

O Manual para Forças Especiais Militares dos EUA em Guerra Não Convencional (GNC) [ing. Unconventional Warfare (UW) Manual of the US Military’s Special Forces], de 2010, ensina: “O objetivo dos esforços da GNC [ing. UW, Unconventional Warfare] é explorar as vulnerabilidades políticas, militares, econômicas e psicológicas de uma potência hostil; para tanto, devemos desenvolver e manter forças locais de resistência que realizem os objetivos estratégicos dos EUA (…). No futuro hoje previsível, as forças dos EUA se engajarão, predominantemente em operações de Guerra Irregular (GI, ing. IW, irregular warfare).”

Telegrama secreto do Departamento de Estado dos EUA, datado de 2006, revela que o governo de Assad estava então em posição mais forte, domesticamente e regionalmente, que no ano anterior, e sugere meios para enfraquecê-lo: “Adiante, nosso resumo de vulnerabilidades potenciais e possíveis meios para explorá-las (…).” Segue-se uma lista de “vulnerabilidades” – políticas, econômicas, étnicas, sectárias, militares, psicológicas – cada “vulnerabilidade” acompanhada da sugestão de “ações” para “explorá-la”.


Tudo aí é importante. A doutrina norte-americana da guerra não convencional declara que, praticamente em todos os casos, populações de estados adversários incluem minorias ativas que respectivamente se opõem e apoiam o governo; mas, para que a organização de um “movimento de resistência” seja bem-sucedida, é preciso induzir as percepções da grande “população média não engajada”, de modo a que se decida a derrubar quem esteja no governo. Diz o manual (cito aqui, de memória, trechos que recolho de artigo que escrevi há algum tempo):

– Para converter “população média não engajada” em força de apoio à insurgência, a GNC recomenda “criar atmosfera de amplo descontentamento mediante propaganda e esforços políticos e psicológicos para desacreditar o governo.”


Com a escalada do conflito, deve-se “intensificar a propaganda: e a preparação psicológica da população para a rebelião.”

– Primeiro, deve haver “agitação” local e nacional (organização de boicotes, greves e outros esforços que sugiram forte descontentamento público. Na sequência, “infiltram-se organizadores e conselheiros estrangeiros e a propaganda vinda de fora do país (além de dinheiro, armas e equipamento).”

O nível seguinte das operações deve ser criar “organizações nacionais de frente [como o “Conselho Nacional Sírio”] e movimentos de libertação nacional [como o “Exército Sírio Livre”]” que levarão segmentos cada vez maiores da população na direção de aceitarem “violência política cada vez maior e sabotagem”; – e encorajar a orientação de “indivíduos [os Kataguiris SÃO EXATAMENTE ISSO (NTs)] ou grupos que conduzam atos de sabotagem em centros urbanos.”

Já escrevi sobre estratégias de guerra não convencional apoiada por forças de fora da Síria quando a crise completou um ano – quando as narrativas dominantes na grande mídia comercial ainda eram “ditador matando o próprio povo”, “protestos pacíficos”, “oposição desarmada” e “revolução popular”, além de “milhares de civis massacrados por forças do estado sírio”.

Onde são fabricadas essas narrativas? Todas as imagens que vimos são montagens? Ou bastou fabricar apenas algumas frases e ideias – porque a “percepção” da vasta população ‘média’, uma vez ‘modelada’, cria ela mesma o próprio momentum ‘natural’ na direção da mudança de regime?

E o que nós, que vivemos na região, fazemos com toda essa impressionante nova informação sobre como se constroem as guerras contra nós – usando nós mesmos como coturnos em (nosso) solo, a serviço de agendas que não são as nossas?

Temos de criar nosso próprio “jogo”

Nesse jogo das narrativas, há lugar para dois jogadores.


A primeira lição que se aprende é que ideias e objetivos políticos podem ser construídos, modelados, afinados e usados com alta eficácia.

A segunda jogada que derruba pedras adversárias é que temos de construir e estabelecer indústria de imprensa independente e canais de distribuição de informação, para assim disseminar nossas próprias propostas de valores, para muita gente, sem parar.

Os governos ocidentais contam hoje de um exército comicamente salafrário de jornalistas ocidentais e regionais que ganham a vida com tentar nos destruir com propaganda, dia e noite. Não precisamos igualá-los em números – e também podemos usar estratégias para deter as campanhas deles contra nós, de desinformação. Jornalistas ocidentais que repetidas vezes publicaram informação falsa e danosa, que gerou risco de vida para nós que vivemos nessa parte do mundo têm de ser impedidos de entrar nos países regionais que estejam sob ataque.

De fato, não são jornalistas – prefiro descrevê-los como combatentes políticos militantes e ‘armados’ –, e não podem ser incluídos nas liberdades asseguradas democraticamente a profissionais da informação, não só da luta política. No caso da Síria:

Se, no primeiro ano de guerra na Síria a quantidade descomunal de jornalistas que repetiram e reforçaram as premissas das quatro falsas narrativas que acima se discutiram as tivessem contestado, criticado, investigado… talvez os mais de 250 mil sírios que morreram ainda estivessem entre nós. Talvez a Síria não tivesse sido destruída e talvez não houvesse 12 milhões de sírios sem teto. Talvez sequer existisse “ISIS“.


Liberdade de expressão? Sou contra. Sou contra. Por que teríamos de garantir liberdade de expressão de objetivos que exigem a nossa morte? Por que, se os mortos somos nós?

Hoje se sabe que a luta do povo e do governo sírios mudaram o mundo. Reuniu russos e chineses (BRICS) e jogou-os na frigideira ‘ocidental’. E mudou a ordem global, de unipolar para multilateral – da noite para o dia. Também criou uma causa comum que uniu um grupo de estados chaves na nossa região e que hoje constituem a espinha dorsal de um crescente “Arco de Segurança” do Levante ao Golfo Persa. Temos hoje oportunidades imensas para reformatar o mundo e o Oriente Médio conforme nós os vemos e os desejamos. Novas fronteiras? Nós mesmos as traçaremos, cá de dentro do Oriente Médio. Terroristas? Nós os derrotaremos. ONGs? Criaremos as nossas, com cidadãos nossos e agendas nossas. Oleodutos? Nós decidiremos onde serão postos.

Mas é imprescindível começar a construir todas essas novas narrativas, antes que “o Outro” imperial corra a preencher o vácuo.

Uma palavra de precaução
A pior coisa que podemos fazer é perder tempo para ‘refutar’ ou ‘rejeitar’ essas narrativas impostas. Respostas, refutações e rejeições farão de nós os “rejeicionistas” no jogo deles. E não há como refutações e rejeições, para dar vida nova ao jogo deles. Nada disso.

O que temos de fazer é criar nosso próprio jogo narrativo – mobilizar o vocabulário nosso, carregado de significações para nós, em primeiro lugar porque é o que nos define e dá forma à nossa história e às nossas aspirações, consideradas as nossas realidades politicas, econômicas e sociais. Assim invertemos o jogo.

O invasor, ocupador, usurpador ficará com a dura missão de rejeitar e refutar e discutir a nossa versão. Que seja ele o rejeicionista, que rejeite e refute nossa narrativa, e o invasor, ocupador, usurpador trabalhará, afinal, para dar vida e fazer circular o nosso jogo.

Sharmine Narwani é uma comentarista e analista de geopolítica do Oriente Médio. Ela é  ex-associada sênior College, Universidade de Oxford St. Antony e tem um mestrado em Relações Internacionais pela Universidade de Columbia. Sharmine é comentarista para uma ampla variedade de publicações, incluindo Al Akhbar Inglês, o New York Times, TheGuardian, Asia Times Online, Salon.com, EUA Hoje, o Huffington Post, Al Jazeera Inglês, BRICS Post e outros. Você pode segui-la no Twitter em @snarwani

(Entreouvido na Vila Vudu) No Brasil, onde reina o ‘jornalismo’ de maledicência & futrica, praticado pela mesma mídia-empresa que já foi golpista em 1964-68 e volta a ser golpista em 2016, pode-se dizer também:
“Narrativas corrompem!” e/ou “Narrativas roubam!” 


[Para a mesma finalidade] No Brasil-2016, todos os políticos da oposição teriam de ser desmoralizados em bloco. De fato, dado que o golpe no Brasil também visa a atender interesses do big business e da big finance internacionais, todos os partidos e políticos teriam de ser desmoralizados, e com eles seria extinta a história dos anos de governo bem-sucedido do PT. Começou então a ‘santa cruzada’, na qual, quanto mais empenhado na salvação ‘ética’ do Brasil sem política, por jornais e redes de TV e jornalistas, mais se revela o jornalista corrupto-corruptor.
(Entreouvido na Vila Vudu)