domingo, 28 de setembro de 2014

Eleições 2014 - ‘Os motivos por trás da guerra de Veja contra o PT’.

‘Você está vendo estas capas aqui? Esta é a única oposição de verdade que ainda existe ao PT no Brasil. O resto é bobagem. Só nós podemos acabar com esta gente e vamos até o fim.’ A declaração foi feita por Roberto Civita a Eduardo Campos, em meados de 2012

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Outdoor da Editora Abril veiculado entre o primeiro e o segundo turno das eleições de 2006, com a capa de ‘Veja’, uma foto de Geraldo Alckmin (PSDB), então candidato à Presidência da República, e a manchete positiva: ‘O desafiante’. A campanha publicitária foi proibida, na ocasião, pela Justiça Eleitoral
Neste final de semana, o jornalista Ricardo Kotscho em sua coluna critica a última capa da revista Veja com a chamada ” EXCLUSIVO – O NÚCLEO ATÔMICO DA DELAÇÃO – Paulo Roberto Costa diz à Polícia Federal que em 2010 a campanha de Dilma Rousseff pediu dinheiro ao esquema de corrupção da Petrobras”.
“Parece coisa de boletim de grêmio estudantil”, ironizou Kotcho que lembrou de uma história que ouviu de Eduardo Campos, em 2012. Disse-lhe o ex-presidenciável que ficou perplexo ao ouvir de Roberto Civita: “Você está vendo estas capas aqui? Esta é a única oposição de verdade que ainda existe ao PT no Brasil. O resto é bobagem. Só nós podemos acabar com esta gente e vamos até o fim”.
Segundo Kotscho, a causa da “bronca” da Veja contra o PT ocorreu no início do primeiro governo Lula, quando o governo resolveu redistribuir verbas publicitárias, reservadas antes apenas à grande mídia.
A seguir, o texto publicado no Balaio do Kotscho.
Melancólico fim da revista “Veja”, de Mino a Barbosa
Por Ricardo Kotscho
Uma das histórias mais tristes e patéticas da história da imprensa brasileira está sendo protagonizada neste momento pela revista semanal “Veja”, carro-chefe da Editora Abril, que já foi uma das maiores publicações semanais do mundo.
Criada e comandada nos primeiros dos seus 47 anos de vida, pelo grande jornalista Mino Carta, hoje ela agoniza nas mãos de dois herdeiros de Victor Civita, que não são do ramo, e de um banqueiro incompetente, que vão acabar quebrando a “Veja” e a Editora Abril inteira do alto de sua onipotência, que é do tamanho de sua incompetência.
Para se ter uma ideia da política editorial que levou a esta derrocada, vou contar uma história que ouvi de Eduardo Campos, em 2012, quando ele foi convidado por Roberto Civita, então dono da Abril, para conhecer a editora.
Os dois nunca tinham se visto. Ao entrar no monumental gabinete de Civita no prédio idem da Marginal Pinheiros, Eduardo ficou perplexo com o que ouviu dele. “Você está vendo estas capas aqui? Esta é a única oposição de verdade que ainda existe ao PT no Brasil. O resto é bobagem. Só nós podemos acabar com esta gente e vamos até o fim”.
É bem provável que a Abril acabe antes de se realizar a profecia de Roberto Civita. O certo é que a editora, que já foi a maior e mais importante do país, conseguiu produzir uma “Veja” muito pior e mais irresponsável depois da morte dele, o que parecia impossível.
A edição 2.393 da revista, que foi às bancas neste sábado, é uma prova do que estou dizendo. Sem coragem de dedicar a capa inteira à “bala de prata” que vinham preparando para acabar com a candidatura de Dilma Rousseff, a uma semana das eleições presidenciais, os herdeiros Civita, que não têm nome nem história próprios, e o banqueiro Barbosa, deram no alto apenas uma chamada: ” EXCLUSIVO – O NÚCLEO ATÔMICO DA DELAÇÃO _ Paulo Roberto Costa diz à Polícia Federal que em 2010 a campanha de Dilma Rousseff pediu dinheiro ao esquema de corrupção da Petrobras”. Parece coisa de boletim de grêmio estudantil.
O pedido teria sido feito pelo ex-ministro Antonio Palocci, um dos coordenadores da campanha da então candidata Dilma Rousseff, ao ex-diretor da Petrobras, para negociar uma ajuda de R$ 2 milhões junto a um doleiro que intermediaria negócios de empreiteiras fornecedoras da empresa.
A reportagem não informa se há provas deste pedido e se a verba foi ou não entregue à campanha de Dilma, mas isso não tem a menor importância para a revista, como se o ex-todo poderoso ministro de Lula e de Dilma precisasse de intermediários para pedir contribuições de grandes empresas. Faz tempo que o negócio da “Veja” não é informar, mas apenas jogar suspeitas contra os líderes e os governos do PT, os grandes inimigos da família.
E se os leitores quiserem saber a causa desta bronca, posso contar, porque fui testemunha: no início do primeiro governo Lula, o presidente resolveu redistribuir verbas de publicidade, antes apenas reservadas a meia dúzia de famílias da grande mídia, e a compra de livros didáticos comprados pelo governo federal para destinar a esc0las públicas.
Ambas as medidas abalaram os cofres da Editora Abril, de tal forma que Roberto Civita saiu dos seus cuidados de grande homem da imprensa para pedir uma audiência ao presidente Lula. Por razões que desconheço, o presidente se recusava a recebe-lo.
Depois do dono da Abril percorrer os mais altos escalões do poder, em busca de ajuda, certa vez, quando era Secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República, encontrei Roberto Civita e outros donos da mídia na ante-sala do gabinete de Lula, no terceiro andar do Palácio do Planalto.”
“Agora vem até você me encher o saco por causa deste cara?”, reagiu o presidente, quando lhe transmiti o pedido de Civita para um encontro, que acabou acontecendo, num jantar privado dos dois no Palácio da Alvorada, mesmo contra a vontade de Lula.
No dia seguinte, na reunião das nove, o presidente queria me matar, junto com os outros ministros que tinham lhe feito o mesmo pedido para conversar com Civita. “Pô, o cara ficou o tempo todo me falando que o Brasil estava melhorando. Quando perguntei pra ele porque a “Veja” sempre dizia exatamente o contrário, esculhambando com tudo, ele me falou: `Não sei, presidente, vou ver com os meninos da redação o que está acontecendo´. É muita cara de pau. Nunca mais me peçam pra falar com este cara”.
A partir deste momento, como Roberto Civita contou a Eduardo Campos, a Abril passou a liderar a oposição midiática reunida no Instituto Millenium, que ele ajudou a criar junto com outros donos da imprensa familiar que controla os meios de comunicação do país.
Resolvi escrever este texto, no meio da minha folga de final de semana, sem consultar ninguém, nem a minha mulher, depois de ler um texto absolutamente asqueroso publicado na página 38 da revista que recebi neste final de semana, sob o título “Em busca do templo perdido”. Insatisfeitos com o trabalho dos seus pistoleiros de aluguel, os herdeiros e o banqueiro da “Veja” resolveram entregar a encomenda a um pseudônimo nominado “Agamenon Mendes Pedreira”.
Como os caros leitores sabem, trabalho faz mais de três anos aqui no portal R7 e no canal de notícias Record News, empresas do grupo Record. Nunca me pediram para escrever nem me proibiram de escrever nada. Tenho aqui plena autonomia editorial, garantida em contrato, e respeitada pelos acionistas da empresa.
Escrevi hoje apenas porque acho que os leitores, internautas e telespectadores, que formam o eleitorado brasileiro, têm o direito de saber neste momento com quem estão lidando quando acessam nossos meios de comunicação.

Povos Tradicionais: GRUPOS ARMADOS RONDAM FAMÍLIAS KAIOWÁ DA ALDEIA KURUSSU AMBÁ, INDÍGENAS TEMEM NOVOS ATAQUES - 26.09.2014.

Foto - Cimi.
Os cantos e rezas de um grupo de indígenas Kaiowá ainda eram entoadas em frente ao prédio da Justiça Federal de Ponta Porã-MS, durante o andamento de audiência referente ao assassinato da liderança Nísio Gomes da aldeia Guaiviry, quando no cair da tarde de ontem, dia 25 de setembro, correu a notícia de que grupos armados foram vistos rondando as imediações de uma pequena sede de fazenda, retomada por algumas famílias de Kaiowá no território de Kurussu Ambá, em Coronel Sapucaia-MS, a não mais que 160 km dali.
A notícia fez surtir entre os indígenas que acompanhavam a audiência, efeitos de aguda preocupação e dor como se os mesmos se deparassem novamente com o fantasma da morte de Nísio. Com a dor ainda latente pelo ataque desleal que tirou a vida de sua liderança em 2011 e conhecendo de maneira orgânica o poder e os danos da articulação dos fazendeiros da região, os indígenas puseram-se a orar também por Kurussu Ambá, para que não aconteçam mais mortes na terra indígena que tem o maior índice de violência direta contra o povo Guarani e Kaiowá no MS por parte de ações deliberadas pelos fazendeiros.
Na tarde de segunda feira, dia 22, cerca de 50 famílias indígenas retomaram uma pequena parte do território ancestral de Kurussu Ambá, território tradicional do povo Kaiowá que com a paralisação dos procedimentos demarcatórios por parte do Governo Federal manteve-se na mão de fazendeiros enquanto os indígenas encontram-se confinados desde 2009 a uma pequena extensão de mato que faz divisa com uma fazenda denominada de Auxiliadora. Os Kaiowá reivindicam espaço para plantar e melhorar minimamente sua condição de vida já que encontram-se em estado de extrema vulnerabilidade amplamente divulgada e de conhecimento público, onde a fome atinge constantemente proporções desumanas denunciadas sobretudo por organizações internacionais de direitos humanos.
Durante a retomada de alguns espaços de lavoura por parte dos indígenas, houveram problemas com um arrendatário local, que ao descumprir um acordo pactuado junto a Funai e os indígenas, adentrou espaço onde se encontravam as famílias Kaiowá pressionando-as. A partir deste momento os indígenas decidiram ocupar uma pequena sede de fazenda que se vizinha das áreas de plantio e estava ocupada pelo arrendatário.
Em resposta a busca dos indígenas pelos seus direitos fundamentais, fazendeiros locais e alguns grupos de pessoas externas, provavelmente “seguranças” contratados pelos fazendeiros, começaram a ser vistos pelos indígenas rondando a área e concentrando-se em grande número, trazidos por veículos que iam e vinham pelas estradas, para uma fazenda, que segundo informação dos indígenas fica a aproximadamente 1000 metros a frente da sede ocupada pelas famílias Kaiowá. Logo, o medo mais profundo dos indígenas se confirmou, quando os mesmos passaram a avistar ainda em plena luz do dia, que da fazenda, onde estão concentradas as pessoas que foram transportadas pelas caminhonetes, começaram a sair grupos visivelmente armados que passaram a realizar diversas movimentações no local.
Os Kaiowá, ainda no dia de ontem, estabeleceram contato com o Ministério Publico Federal de Ponta Porã, cujo procurador encontrava-se presente na audiência referente ao caso de Nísio Gomes. De lá mesmo a Juíza Federal que acompanhava as oitivas concedeu autorização para que os destacamentos da Polícia Federal que se encontravam fazendo a segurança da audiência pudessem se deslocar ainda naquela mesma noite até Kurussu Ambá. Desde então não foi possível estabelecer novo contato com os indígenas para ter retorno do que ocorreu entre a noite de ontem e a manhã de hoje devido a dificuldade de comunicação existente na região
Por estarem em uma área de fronteira com poucas possibilidades de comunicação, a situação de monitoramento por parte da Policia Federal ou Força Nacional se faz emergencial e imediata.
A violência organizada e anti-indígena voltou a bater na porta de Kurussu Ambá dando indícios claros de que se nenhuma providencia for tomada urgentemente pelos órgãos responsáveis ocorrerá mais uma de tantas tragédias anunciadas que tem assolado a vida dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul. Desde 2007, já foram mais de dez assassinatos durante processos anteriores de tentativa de retomada desta mesma terra tradicional. Nos mais relevantes, três lideranças foram executadas deliberadamente, inclusive Xurite Lopes, importante rezadora com mais de 70 anos.
Durante o ano passado, ficaram escancarados os bastidores de uma pesada e profunda articulação dos ruralistas para acabar na marra com os procedimentos demarcatórios, os direitos constitucionais dos povos originários e promover uma onde de extermínio físico a lideranças e comunidades indígenas no Mato Grosso do Sul. O ápice desta organização criminosa se deu com a realização dos denominados “leilões da resistência”, onde abertamente fazendeiros realizaram leiloes de venda de gado para arrecadar fundos para articulação e armamento de milícias anti-indígenas.
Em outros casos, como o da liderança Nísio Gomes fica explícita a participação de empresas de segurança contratada pelos ruralistas na sua execução.
A história se repete sistematicamente e enquanto as demarcações seguem paralisadas. No caso de Kurussu Ambá, os indígenas estão entre duas espécies de mortes anunciadas. De um lado a violência direta dos fazendeiros, de outro, abdicar de seu direito a terra e a vida digna e retornar para a situação que vem causando a mortalidade de muitas de suas crianças e velhos.
O Cimi, contatado na noite de ontem por membros das famílias que se encontram em Kurussu Ambá reafirma sua solidariedade com os povos indígenas repudiando e denunciando as práticas de extermínio e genocídio realizadas abertamente contra o povo Guarani e Kaiowá. Os povos indígenas exigem que providências sejam tomadas imediatamente e os direitos das famílias que se encontram em Kurussu Ambá à vida digna e as mínimas condições humanas sejam garantidos. Caso contrário, o histórico recente de violência contra os povos indígenas no estado do Mato Grosso do Sul faz crer que estamos novamente frente a uma nova e drástica situação de assassinatos anunciados.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Eleições 2014 - Um emocionante caso de superação por meio da Educação.

Nosso Senador Gastão Vieira é 151.
Recebemos essa carta e confesso: não tive como conter a emoção! 
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São palavras como a do amigo Alexandre que nos encorajam a seguir em frente. Convidamos todos vocês a lerem até o final...não temos palavras que definam o nosso sentimento depois da leitura deste texto.
"Olá deputado Gastão Vieira, ou melhor, amigo Gastão, prefiro chamá-lo assim, pois lhe considero um verdadeiro parceiro do povo maranhense.

Sou Alexandre Sousa Silva aquele rapaz que lhe abordou na descida do carro no palanque em Buriticupu-MA, no dia 13/09/2014, após um saudoso discurso de sua excelência. 

Resumidamente pronunciei palavras que fizeram de você ciente do quanto a sua atitude fora importante para mudança do meu pensar, assim como de muitos jovens que não possuíam perspectivas de uma vida acadêmica.

Pois bem, nasci no interior do interior do Estado do Maranhão, precisamente no povoado de Segundo Núcleo, município de Buriticupu-MA, como meus pais eram lavradores, comecei a trabalhar cedo na venda de legumes, a única esperança que tinha era de um dia ser chamado de Doutor, todavia, os meus sonhos eram barrados pela falta de oportunidade. 

Talvez você quando pediu ao ministro Fernando Haddad, a instalação do CEFET (IFMA) em Buriticupu, não sabia que estava abrindo as portas do futuro de muitos jovens daquela região, foi, portanto, através desta sua honrada e admirada atitude que conseguir passar no seletivo, cursar e terminar o curso técnico de meio ambiente, e hoje está terminando a minha faculdade.
 
Naquele dia fui pequeno pra você hoje me reconhecer, mas sou aquele garoto que ao seu lado e do ministro Fernando Haddad, realizou brevemente à apresentação de um equipamento do laboratório de física, fiz o possível naquela manhã para demonstrá-los que valeu apena criar o CEFET em Buriticupu. 

Hoje caro amigo deputado, vivo aquele sonho que outrora, aos meus olhos parecia irrealizável, estou no 8º período de direito da Universidade Ceuma, sou beneficiário dos programas do Governo Federal (Prouni e Fieis), sou estagiário do Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região, já tive a oportunidade de fazer um estagio de curta duração no Congresso Nacional em Brasília, conheci a corte Suprema da Justiça Brasileira, o STF, e através de um processo seletivo fui classificado em 1º lugar a fazer um Intercambio na Europa, em uma das mais renomadas Universidades do Mundo, a Universidade de Coimbra, programa patrocinado pelo Banco Santander e a Universidade Ceuma. 

Por esta razão, que não tenho vergonha de abrir meu coração e expressar a minha profunda admiração pelo seu trabalho e lhe informar que a sua atitude será inesquecível em minha vida e na vida de muitos jovens."

Setembro de 2014 – Buriticupu/MA.

Alexandre Sousa Silva.

VOTE DILMA, 13. VOTE LOBÃO, 15. VOTE GASTÃO, 151. 

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Eleições 2014: o bom exemplo do Candidato Fábio Gondim.

Um gesto do candidato a deputado federal Fábio Gondim (1313) chamou atenção e ganhou reconhecimento da população de São Luis e até de concorrentes nestas eleições.
Semanas atrás, o petista havia contrato uma empresa para fazer colagens de minidoors em vários pontos da cidade como forma de massificar ainda mais o nome de Fábio Gondim na capital do Maranhão.
Entretanto, o comando da campanha e o próprio Fábio Gondim foram surpreendidos ao saber que parte dos minidoors havia sido colada em algumas paradas de ônibus. Foi quando o petista determinou, de forma imediata, a retirada de todo o material publicitário dos locais inapropriados para campanha eleitoral.
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Equipe do candidato retira material do Fábio Gondim.
Além de mandar retirar os minidoors das paradas de ônibus, Fábio Gondim ordenou que a empresa contratada pela sua campanha fizesse todo o trabalho de recuperação do patrimônio público, que foram devidamente repintados nas cores originais.
“Digna de aplausos esta iniciativa do candidato Fábio Gondim em reconhecer o equívoco da sua campanha em colar cartazes nas paradas de ônibus e fazer com que todos fossem retirados e as pinturas retocadas. Um ótimo exemplo para quem deseja ser representante do povo”, disse uma usuária de transporte público que estava aguardando ônibus em uma das paradas recuperadas.
Equipe do candidato retira material do Fábio Gondim.
Equipe do candidato retira material do Fábio Gondim.
Mas o gesto do candidato Fábio Gondim não ganhou reconhecimento apenas do usuários de ônibus. Alguns candidatos, inclusive concorrentes do petista na disputa por uma vaga à Câmara dos Deputados, fizeram questão de ligar para elogiar a postura democrática e mesmo de humildade do candidato em reconhecer e reparar o erro da empresa contratada pela sua campanha.
O fato é que Fábio Gondim demostrou, mais uma vez, porque tem feito a diferença nesta campanha eleitoral.
Não é à toa que sempre aparece na lista dos mais bem votados para deputado federal no município de São Luis.
Confira as imagens abaixo das paradas totalmente recuperadas:
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Parada completamente recuperada.
População aprovou a iniciativa do candidato Fábio Gondim.
População aprovou a iniciativa do candidato Fábio Gondim.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

BRESSER-PEREIRA: Porque vou votar em Dilma.

Fundador do PSDB e ex-ministro do governo FHC, o cientista político Luiz Carlos Bresser-Pereira anuncia seu voto na presidente Dilma Rousseff e aponta as razões; "é ela quem melhor atende aos critérios que adoto para escolher o candidato", diz ele; "são dois esses critérios: quanto o candidato está comprometido com os interesses dos pobres, e quão capaz será ele e os partidos políticos que o apoiam de atender a esses interesses, promovendo o desenvolvimento econômico e a diminuição da desigualdade"; leia a íntegra.

MEU VOTO EM DILMA

Vou votar pela reeleição de Dilma Rousseff porque é ela quem melhor atende aos critérios que adoto para escolher o candidato à Presidência da República.


Em 1988 fui um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira e sempre votei em seus candidatos à presidência. Mas, gradualmente, fui me afastando do partido por razões de ordem ideológica e, depois da última eleição presidencial, vendo que o partido havia dado uma forte guinada para a direita, que deixara de ser um partido de centro-esquerda, e que abandonara a perspectiva desenvolvimentista e nacional para se tornar um campeão do liberalismo econômico, desliguei-me dele. Por isso quando hoje perguntam em quem vou votar, a pergunta faz sentido.
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Vou votar pela reeleição de Dilma Rousseff, não por que seu governo tenha sido bem sucedido, mas porque é ela quem melhor atende aos critérios que adoto para escolher o candidato. São dois esses critérios: quanto o candidato está comprometido com os interesses dos pobres, e quão capaz será ele e os partidos políticos que o apoiam de atender a esses interesses, promovendo o desenvolvimento econômico e a diminuição da desigualdade.

Dilma atende ao primeiro critério melhor do que Marina Silva e muito melhor do que Aécio Neves. Isto nos é dito com clareza pelas pesquisas de intenção de voto, onde ela vence na faixa dos salários mais baixos, e reflete a preferência clara pelos pobres que os três governos do PT revelaram. O mesmo se diga em relação ao segundo critério na parte referente à desigualdade. O grande avanço social ocorrido nos doze anos de governo do PT tem um valor inestimável.

Já em relação ao desafio do desenvolvimento econômico, o problema é mais complexo. Estou convencido que Dilma conhece melhor do que seus competidores quais os obstáculos maiores que vêm impedindo a retomada do desenvolvimento econômico desde que, em 1994, a alta inflação inercial foi superada. 

Os resultados econômicos no seu governo não foram bons, mas isto se deveu menos a suas fraquezas e erros, e, mais, ao fato que não teve as condições necessárias de enfrentar a falha de mercado estrutural que está apreciando cronicamente a taxa de câmbio e desligando as empresas competentes do país de seu mercado, e, assim, , está condenando a economia brasileira à quase-estagnação. 

Desde 1990-91 , ao se realizar a abertura comercial, os economistas brasileiros (inclusive eu, naquele momento) não estávamos nos dando conta que o imposto sobre exportações de commodities denominado “confisco cambial” – essencial para a neutralização da doença holandesa – estava sendo extinto. 

Em consequência, as empresas industriais brasileiras passavam a ter uma desvantagem (custo maior) para exportar de cerca de 25% em relação às empresas de outros países por razão exclusivamente cambial, e uma desvantagem desse valor menos a tarifa de importação (hoje, em média, de 12%) para concorrer no mercado interno com as empresas que para aqui exportam.

A esta causa estrutural de apreciação cambial (a não-neutralização da doença holandesa[*]) devem ser adicionadas duas políticas equivocadas normalmente adotadas pelos países em desenvolvimento. 

A política de crescimento com poupança externa (de déficit em conta-corrente) e a política de âncora cambial para controlar a inflação apreciam o câmbio no longo prazo. 

Elas são responsáveis por cerca de mais 10 pontos percentuais de apreciação da taxa de câmbio que devem ser somados aos 25% acima referidos. Logo, a desvantagem total das empresas brasileiras em relação às empresas de outros países que exportam para os mesmos mercados que nós é, em média, de 35% ( 25% 10%), e a desvantagem total em relação às empresas estrangeiras que exportam para o mercado brasileiro é de 23% (35% - 12%). Estas duas desvantagens desaparecem nos momentos de crise financeira, que, mais cedo ou mais tarde, decorrem necessariamente dessa sobreapreciação.

Quando digo que a presidente não teve “condições”, estou dizendo que ela não teve poder suficiente eliminar essa desvantagem competitiva de longo prazo. Ela tentou: iniciou o governo fazendo um ajuste fiscal, reduzindo os juros, e promovendo uma depreciação real de cerca de 20%. Mas ela recebeu do governo anterior, marcado pelo populismo cambial, uma taxa de câmbio brutalmente apreciada, de R$ 1,90 por dólar, a preços de hoje. Por isso, a elevação da taxa de câmbio para cerca de R$ 2,28 por dólar não foi suficiente para torná-la competitiva.

A taxa de câmbio que torna competitivas as empresas competentes existentes no Brasil (que denomino “de equilíbrio industrial”) deve estar em torno de R$ 3,00 por dólar. Em consequência desse fato e da retração da economia mundial, a depreciação não foi suficiente para levar as empresas a voltar a investir; foi, porém, suficiente para aumentar um pouco a inflação. 

Diante desses dois resultados negativos, os economistas do mercado financeiro e a mídia liberal gritaram, mostraram erros do governo (como o controle dos preços da eletricidade e do petróleo e a “aritmética criativa” para aumentar o superávit primário) e assim, sob forte pressão e preocupada em não ser reeleita, a presidente foi obrigada a recuar.

Mas não terão os outros dois candidatos mais importantes condições de fazer o que Dilma não fez? Estou convencido que não. Não apenas porque eles também não terão poder para enfrentar os interesses de curto prazo dos que rejeitam a depreciação cambial porque não querem ver seus salários e demais rendimentos diminuam e a inflação aumente, ainda que temporariamente. 

Também porque seus economistas não reconhecem o problema da doença holandesa e não são críticos das duas políticas acima referidas. Supõem, equivocadamente, que a grande sobreapreciação cambial existente no país é um problema de curto prazo, de “volatilidade cambial”. Basta ler seus programas de governo.

Terá a presidente poder suficiente para mudar esse quadro caso reeleita? É duvidoso. Ela não enfrenta apenas a oposição liberal e colonial, que é incapaz de criticar a ortodoxia liberal e não vê os conflitos entre os interesses do Brasil e a dos países ricos. 

A presidente enfrenta também a incompetência da grande maioria dos economistas brasileiros, que, apegados a seus livros-texto convencionais, não compreendem hoje a tese central da macroeconomia novo-desenvolvimentista (a tendência à sobreapreciação cíclica e crônica da taxa de câmbio) como não entendiam entre 1981 e 1994 a teoria da inflação inercial. Naquele tempo havia apenas oito (sim, oito) economistas que entendiam a inflação inercial. Quantos entenderão hoje os economistas que compreendem porque, deixada livre, a taxa de câmbio tende a ser sobreapreciada no longo prazo, só se depreciando bruscamente nos momentos de crise de balanço de pagamentos?

Voto pela reeleição da presidente, mas já deve estar ficando claro que não estou otimista em relação ao futuro do Brasil. Quando as elites brasileiras não conseguem sequer identificar o fato novo (mas que já tem 23 anos) que impede que o Brasil volte a crescer de maneira satisfatória desde 1990-91, como podemos pensar em retomar o desenvolvimento econômico? A esquerda associada ao PT está muda, perplexa; a direita liberal supõe que basta fazer um ajuste fiscal para resolver o problema. 

Embora um ajuste fiscal forte seja essencial para a política novo-desenvolvimentista de colocar os preços macroeconômicos no lugar certo, apenas esse ajuste não basta. Será necessário também baixar o nível da taxa de juros e depreciar a taxa de câmbio para que a taxa de lucro se torne satisfatória e as empresas voltem a investir. Só assim a economia brasileira deixará de estar a serviço de rentistas e financistas, como está há muito tempo, e os interesses dos empresários ou do setor produtivo da economia voltem a coincidir razoavelmente com os interesses dos trabalhadores.

A presidente tem uma famosa dificuldade de ouvir os outros, mas é dotada de coragem, determinação, espírito republicano e se orienta por um padrão moral elevado. Conta, ao seu lado, com alguns políticos de boa qualidade. Ela foi derrotada no primeiro round, mas, quem sabe, vencerá o segundo?
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[*] Nota da Redação:
"Em economia, doença holandesa (do inglês Dutch disease) refere-se à relação entre a exportação de recursos naturais e o declínio do setor manufatureiro. A abundância de recursos naturais gera vantagens comparativas para o país que os possui, levando-o a se especializar na produção desses bens e a não se industrializar ou mesmo a se desindustrializar - o que, a longo prazo, inibe o processo de desenvolvimento econômico.
A expressão "doença holandesa" foi inspirada em eventos dos anos 1960, quando uma escalada dos preços do gás teve como consequência um aumento substancial das receitas de exportação dos Países Baixos e a valorização do florim (moeda da época). A valorização cambial acabou por derrubar as exportações dos demais produtos holandeses, cujos preços se tornaram menos competitivos internacionalmente, na década seguinte." (Fonte: Wikipédia, verbete "Doença holandesa)

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Maranhão - PT define José Antônio Heluy como primeiro suplente de Gastão Vieira ao Senado.

Foi escolhido na tarde desta segunda-feira (15) pelo Partido dos Trabalhadores e demais partidos que compõem a coligação “Pra Frente Maranhão”, para ser o candidato a 1ª suplência ao Senado na chapa de Gastão Vieira (PMDB), o ex-secretário de Estado do Trabalho e Economia Solidária, José Antônio Heluy (PT).

A vaga seria do presidente do PT, Raimundo Monteiro, mas ele teve o registro de candidatura indeferido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sendo enquadrado na Lei da Ficha Limpa. O nome do petista já era o nome preferido dentro da sigla. 
Heluy já integrava a campanha de Lobão Filho (PMDB) e agora é só torcer pela vitória do ex-ministro do Turismo, Gastão Vieira ao Senado Federal.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Eleições 2014 - Depois de morto, Eduardo Campos 'doa' R$ 2,5 milhões à Campanha de Marina.

A transferência em espécie ocorreu no dia seguinte ao desastre que matou o então candidato.

 No dia seguinte ao desastre que matou o presidenciável Eduardo Campos, sem que seus restos mortais tivessem sido recolhidos do local onde caiu o avião, seus partidários transferiram em espécie R$ 2,5 milhões de sua conta de campanha para o Comitê Financeiro Nacional, administrado pelo PSB, que, dias depois, anunciaria Marina Silva como substituta.

Segundo o coordenador financeiro da campanha, Basileu Margarido homem de confiança de Marina tudo está dentro da legalidade. "O escritório de Direito que nos atende consultou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para fazer a operação. Segundo eles, não há nada de errado", garantiu. O TSE informou que ainda vai analisar as prestações de contas.

A operação de transferência ocorreu no dia 14 de agosto, foi em dinheiro vivo e seu registro está na segunda prestação de contas dos candidatos, divulgada no sábado pelo TSE. O PSB também não fez nenhuma menção ao jato Cessna, usado por Campos, e que é alvo de investigação da Procuradoria Geral da República por crime eleitoral e suspeita de caixa 2.

Para dois advogados especialistas em direito eleitoral ouvidos pelo DIA em condição de anonimato, a transferência não poderia ocorrer, já que, ao morrer, o CNPJ da candidatura de Campos deveria ser extinguido, e o dinheiro retido. Segundo eles, só no final da campanha o partido teria acesso à doação, como sobra de arrecadação.

"Provavelmente, eles não quiseram deixar parada a quantia, que é razoável, e antes mesmo de comunicarem oficialmente a morte do ex-governador retiraram o dinheiro", interpretou um deles. "Não deixa de ser estranho que uma campanha que se propõe a fazer a nova política, se valha de artifícios da velha", opina outro.

Os dois concordam que, neste caso, o pior que poderá ocorrer é a aprovação das contas pelo TSE, mas com ressalvas, "além, é claro,do constrangimento, já que é um subterfúgio contábil que criticariam se fosse outro partido".

Marina Silva virá ao Rio na próxima quinta-feira. Seus coordenadores de campanha se reunirão hoje para decidir qual será a agenda. Uma das ideias é que ela participe de um ato em favor dos royalties de petróleo e do pré-sal para tentar afastar qualquer dúvida quanto às suas posições sobre os temas.  

As informações são do jornal O Dia.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Eu, ex-cotista, “vagabunda”. Texto Sanguessugado:

Eu, ex-cotista, “vagabunda”. Posted on 2 de September de 2014.

Eu não vou conseguir ser linear, mas espero que entendam os pormenores desta história íntima. Eu morei 10 anos em Londrina, no norte do Paraná, em um bairro de periferia chamado Jardim Leonor e estudava em uma escola estadual. Na época não era assim muito comum ter sonhos além de chegar ao final do ensino médio, então a falta de credibilidade das pessoas em mim já começava ai. As pessoas, menos a minha mãe. 
Quando eu tinha 16 anos eu decidi mudar de período na escola, indo do matutino ao noturno, para que assim tivesse um tempo para trabalhar e pagar o cursinho pré-vestibular. E isso já era uma audácia muito grande: desejar ingressar na Universidade Estadual de Londrina. A minha mãe não deixou que eu seguisse com estes planos, dizia que seria pesado demais conciliar trabalho e escola, e me sobraria pouco ou quase nenhum tempo livre pra diversão e coisas de adolescente. Por isso eu comecei a tentar estudar em casa mesmo, só com os materiais da escola – internet era um luxo inimaginável. Na verdade, nem computador eu tinha, e não tinha vaga ideia de quando eu teria um. A minha mãe trabalhava como costureira autônoma.
Tudo isso para explicar que: era impossível pagar cursinho, era impossível pagar escola particular e o que eu tinha era um punhado de livros e o sonho de ingressar no curso de Relações Públicas da UEL. Essa era uma situação risível no meio onde eu vivia. O ensino superior não era um direito de todos. Nós, que estávamos às margens da cidade, geralmente acabávamos por servir os que estavam no topo. Era muita audácia da minha parte.
Para encurtar esta parte da história: Em fevereiro de 2005 eu fui a uma festa promovida pela rádio pop local, que divulgaria o resultado do vestibular ao vivo, e quando eles distribuíram o jornalzinho do resultado (patrocinado pelo maior colégio particular da cidade, risos), meu nome estava lá, e naturalmente minha mãe chorou quando recebeu a notícia por telefone, um celular que eu peguei emprestado de um amigo.
Estaria tudo ok se não fosse um porém: eu era cotista. Isso aí é como se eu carregasse alguma placa em neon piscante dizendo que eu não pertencia àquele lugar. Desde o começo eu ouvi manifestações hostis de pessoas que diziam abertamente que eu não deveria estar ali, pelos seguintes motivos:

– Elas estudaram muito, pagaram 2, 3, 4 anos do cursinho mais caro da cidade justamente para terem mais chance.

– Um possível mau desempenho meu atrasaria a turma toda.

– É racismo inverso contra brancos (sic).

– Cria vagabundos.

Eu queria explicar estes pontos de maneira ponderada e organizada, mas não dá. A explicação vai vir bagunçada, tal como a bola de ódio nutrida contra cotistas nas turmas de 2005 da Universidade Estadual de Londrina.
Pra começar, vocês precisam entender que eu não acredito no sistema de vestibulares como seleção de pessoas inteligentes e aptas a esse grande portal de suposição de superioridade intelectual chamado Universidade. Pra mim, o ensino deveria ser universal. E para o vestibular nós nos matamos para compreender ou decorar coisas que às vezes fazemos questão de esquecer o mais rápido possível, porque temos (ou deveríamos ter) direito de escolher as áreas que gostamos mais. Meus conhecimentos em química evaporaram tão rápido quanto perfume ao sol. Mas em mim ficou a Geografia Política, que eu fazia questão de ser a melhor aluna da sala, História, Literatura e os idiomas. E era isso que eu queria continuar estudando. O vestibular é um funil desgraçado e cruel.
As escolas moldam crianças e adolescentes para passarem em provas “difíceis”, abordando questões pouco compreensíveis e ignorando toda a realidade social, só para estampar a cara do aluno vencedor e fazer dele uma mídia espontânea, que trará mais alunos para a escola e, assim, mais dinheiro.  Conhecimento pode ser adquirido, mas não deveria ser tão difícil. Desde mensalidades, até preços de livros, é tudo um grande obstáculo. Quem trabalha com educação sabe disso ainda melhor do que eu, por ter uma visão global e maior conhecimento sobre a influência econômica no sistema educacional. Mas a prática não deixa muita dúvida: educação é para quem pode comprar.

Sobre o racismo inverso a gente finge que não ouviu, pro bem da nossa saúde mental. E se insistirem, uma aula explicando o massacre das populações negras deveria ser suficiente. Se não for, é porque o ouvinte é mau-caráter, mesmo. E também me surgia a dúvida: a pessoa estuda 4 anos em escola particular e culpa uma cotista de ter roubado a vaga? Não soa razoável. Mas dinheiro ainda importava.
Ai vem a nova parte da minha novela.  Sobre a vagabundagem cotista: possivelmente a acusação mais esdrúxula neste mar de chorume racista. O curso de Relações Públicas não é dos mais caros. Os livros saem por cerca de 40 reais. A exceção são os livros de Economia e Marketing que, às vezes, passam dos 100. 

Mas todo aquele volume de xérox começou a falir a conta bancária que eu já não tinha. E, em certos dias, eu precisava escolher entre pagar 3 reais de passagem de ônibus ou usar estes mesmos 3 reais para comprar comida. Dentro do ambiente acadêmico, porém, o desempenho era equivalente. Eu não sentia que era menos capaz do que meus colegas oriundos de escolas particulares.

Então eu ingressei em um projeto chamado Afroatitude, que unia alunos cotistas de 10 universidades públicas:
“O Programa Nacional Afroatitude propicia aos alunos negros bolsas para desenvolverem projetos com os temas: Cultura e População Negra/Discriminação Racial, Vulnerabilidade Social, Prevenção das DST/AIDS e Direitos Humanos. Na UEL, o relatório final dos bolsistas Afroatitude que participaram de projeto de iniciação científica (2005-2007) deu-se com a entrega de um artigo sob supervisão do orientador. Os trabalhos foram surpreendentes, considerando que se tratavam de alunos da primeira série, que descortinavam um mundo extremamente novo em relação ao seu cotidiano, quer como vivência em sala de aula, quer como participação em projetos.”
Com este projeto eu entrei em contato com a cultura negra, o que me era inédito, usei o dinheiro da bolsa pra comprar o primeiro computador da minha vida, estudei a vulnerabilidade da população negra e isso serviu de estopim pra tudo o que eu sou hoje. 

Apoiados pela Secretaria dos Direitos Humanos do Governo Federal, nós tivemos a chance de estudar a influência e as carências das populações negras das regiões em que vivíamos, e pudemos finalmente ter a noção do tanto de trabalho que ainda havia a ser feito. Eu não sei se consigo ser objetiva neste ponto e explicar direito a importância deste projeto em minha vida. Digamos que minha intelectualidade ganhou na loteria acumulada. Muita riqueza de informação. 

Em paralelo a isso, eu queria entender por que alguns colegas insistiam que eu e meus demais amigos cotistas éramos inúteis e tão dispensáveis, e por que não deveríamos estar ali. Na época era algo que eu não conseguia nem começar a explicar, e me restava ficar calada em situações constrangedoras, como quando pessoas riram ao assistir “Quanto Vale? Ou é por quilo?”, chamando objetos de tortura de escravos de “enfeite pra cara”.

Me deem um desconto, eu era uma piveta de 17 anos sem muito acesso à informação. Felizmente, 4 anos foram suficientes pra provocar uma tormenta em mim, que me deixou cada dia menos tolerante a provocações racistas.
Eu me formei em 2008, sem ter a minha foto de criança exposta no painel da festa, como meus outros colegas, por eu não ter conseguido pagar a festa. Eu fui como convidada de uma amiga. Eu me formei odiando festas de formatura e me sentindo deslocada.

Mas o que é importante dizer que cotas funcionam, sim. E incomodam, também. Incomodam porque provam que vestibular não serve mais pra nada, e porque “mescla” um ambiente que, até 10 anos atrás, era homogêneo. Branco. As cotas provam que elite intelectual é um termo inventado para deprimir e assustar aqueles que não possuem grandes quantias de dinheiro para serem gastas em escolas que vendem mais imagem do que conhecimento. Ou para manter estas pessoas longe da preocupação da escola pública, porque afinal, pra que se preocupar com a escola da filha da empregada se a tua cria pode estudar no palácio do centro?

Como costureira, empregada e babá, a minha mãe passou a vida construindo sonhos comigo. O sistema de cotas me ajudou a realizar um deles, Mas esta é a visão individualista, e vocês precisam entender o impacto global disto. Sendo cotista, eu ingressei em um excelente curso de uma excelente instituição, recebi um tsunami de cultura negra que me empoderou de uma forma que eu nem imaginei que fosse possível. 
Já formada, eu passei a me preocupar em ser uma multiplicadora, levando pra frente o que eu aprendi com o Afroatitude, e faço questão de empoderar cada jovem negro que passa pela minha vida. Com o sistema de cotas eu enfrentei a sociedade mimada, acostumada a ser bem dividida entre os que nasceram pra servir e os que nasceram pra serem servidos, e eu trabalho até hoje contra segregação racial. E vou continuar trabalhando enquanto meu corpo e minha mente permitirem.
Como profissional de Relações Públicas, aos 24 anos eu alcancei a posição de gerência da empresa onde trabalhei. Não me soa nada ruim.
Eu voltei a estudar em 2010, desta vez escolhi aprender a ler, escrever e falar árabe coloquial e árabe clássico. Estudei cinema árabe, literatura árabe, filosofia árabe, história árabe.
O sistema de cotas para negros é bem simples de entender, ele é feito para a inserção de pessoas negras na universidade. Ele não substitui a necessidade de repensarmos a educação de base, mas impede que a disparidade racial do país aumente. 

O sistema de cotas não é outra coisa, senão um sistema inclusivo. Também é leviano chama-lo de “esmola governamental”, porque uma das obrigações do governo é justamente zelar pelo bem estar de seus cidadãos, e os cotistas estão apenas utilizando um direito, que é o de estudar. Errado é achar que, porque estas pessoas não tiveram 1.500 reais por mês durante 15 anos, não merecem entrar pelos portões da frente do ensino superior. 

O sistema de cotas incomoda porque mostra que dinheiro pode comprar coisas, pode até comprar gente, mas não pode comprar humanidade. E, por falar em conhecimento, um sem-número de artigos já explicaram a real eficiência desta solução, então não é difícil a compreensão.

Há também quem busque invalidar toda a experiência dos cotistas, afirmando que a única solução correta e eficiente seria a reforma total do ensino de base, apenas. Eu talvez preste atenção nisto no dia que todos os pais puderem educar seus filhos com as mesmas condições econômicas, e isso inclui os empregados de quem desqualifica os cotistas.