Presidente avisa às lideranças que propostas agendadas para hoje
só devem ser feitas depois do dia 13. Grevistas prometem resistência.
ANA CAROLINA DINARDO - Correio Braziliense.
No primeiro dia de
despachos após a viagem a Londres, para a abertura da Olimpíada 2012, a
presidente Dilma Rousseff, mais uma vez, endureceu com os servidores
públicos federais que estão em greve.
Ela mandou que os responsáveis por
receber as lideranças do movimento suspendessem todas as negociações
até a segunda quinzena de agosto.
O Palácio do Planalto tinha hoje como
data-limite para apresentar uma resposta às reivindicações levadas ao
Ministério do Planejamento durante os mais de 40 dias de paralisação. Em
comunicado enviado aos sindicatos, prorrogou a divulgação de propostas
para o período entre 13 e 17 de agosto.
No ofício do Planejamento, no
entanto, não há qualquer justificativa para a decisão.
Procurada pelo
Correio, a assessoria de imprensa da Secretaria de Relações do Trabalho
(SRT) do órgão explicou que não haverá, por ora, reuniões para que as
autoridades tenham condições de trabalhar, já que, ultimamente, toda a
jornada de trabalho delas estava sendo tomada pelas negociações. A
determinação da presidente causou indignação entre os grevistas.
Os
líderes sindicais anunciaram que vão reforçar as manifestações ao longo
das próximas semanas. "Foi o próprio governo que estipulou essa data e,
agora, está descumprindo com o prometido.
Isso nos leva a pensar que o
Palácio do Planalto acha interessante que a greve continue no serviço
público ou está fazendo de conta que a paralisação não existe", reclamou
o presidente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público
Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo.
A entidade, que representa 80% dos trabalhadores do Executivo, diz que o Dia Nacional de Lutas, marcado para hoje, com manifestações em todo o país, será intensificado com a revolta dos servidores devido ao novo prazo marcado pelo governo.
A
prorrogação aumentou o ceticismo entre os servidores. O presidente do
Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil
(Sindifisco), Pedro Delarue, não espera grandes novidades no dia 13, e
tacha o adiamento estipulado pela Presidência de previsível. "Nós já
havíamos adiantado isso: o governo tem apresentado essa forma pouco
honesta de negociar desde o ano passado", afirmou.
Para Delarue, a proposta não sairá em duas semanas, e o prazo será protelado novamente até o fim do mês. Ele acredita que, em 31 de agosto, o governo não vai acatar nenhuma das reivindicações da categoria ou, no máximo, vai aceitar a reposição da inflação de 2012 em 2013. Caso o Executivo opte por essa alternativa, diz Delarue, a paralisação será mantida, mesmo após o fim do prazo para encaixe no orçamento. "Nossa greve não tem data para acabar. O governo que mude a lei", protestou.
Plafletagem.Servidores
públicos federais de 13 órgãos, em greve há 43 dias, fizeram na tarde
de ontem uma panfletagem na Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília, em
prol da campanha salarial de 2012. De acordo com a Confederação Nacional
dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), o objetivo do
ato foi conscientizar a população em relação aos motivos que levaram as
categorias a interromper as atividades. E as lideranças prometeram que
devem permanecer de braços cruzados até 31 de agosto, prazo-limite para o
Ministério do Planejamento fechar o orçamento para 2013.
Se até lá o
Executivo não apresentar nenhuma proposta aos trabalhadores, os
sindicatos terão que decidir se retornam ou não ao trabalho. "Após essa
data, não terá mais nada a fazer para 2013.
Cabe aos sindicatos
decidirem se vamos voltar ao trabalho ou continuar em greve e iniciar a
campanha salarial para (o orçamento de) 2014", ironizou o diretor da
Condsef Carlos Henrique Ferreira.
Porém os sindicalistas se mostraram otimistas e afirmaram que a distribuição do material informativo garantiu a transparência do serviço público diante da sociedade. "O evento de hoje (ontem) foi importante para que possamos esclarecer as dúvidas das pessoas em relação ao movimento e explicar que a culpa de estarmos protestando é do governo", ressaltou Ferreira.
Em
Brasília, os servidores devem se reunir às 9h de hoje, na Esplanada dos
Ministérios, em frente à Catedral.
De acordo com a Condsef, não há um
roteiro definido, mas os manifestantes devem manter a caminhada usual,
até o bloco C, que abriga o Ministério do Planejamento.
A caminhada deve
prejudicar o trânsito no local. A última marcha organizada pelos
servidores públicos federais, em 17 de julho, chegou a reunir cerca de
10 mil manifestantes. O trânsito nas seis faixas do Eixo Monumental teve
de ser interrompido.
Fonte:http://www.exercito.gov.br/web/imprensa/resenha
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